segunda-feira, 23 de agosto de 2010

“Ponto eletrônico é um retrocesso”, diz presidente do Sindilojas de Porto Alegre


        Nessa segunda-feira, pela manhã, o presidente do Sindilojas de Porto Alegre, Ronaldo Sielichow, concedeu uma entrevista coletiva aos alunos de jornalismo da Faculdade dos Meios de Comunicação Social, da PUCRS. A liminar obtida pela instituição permitindo o adiamento do prazo para que o novo ponto eletrônico entre em vigor no Estado foi o tema mais discutido. Ronaldo Sielichow também falou sobre a alta carga tributária do País, o perfil do varejo, política, camelôs e a ação do Sindilojas na Capital.
        As novas regras do ponto eletrônico têm mobilizado os empresários, os trabalhadores e os sindicatos, que não aceitaram bem a medida determinada pelo Ministério do Trabalho. O alto custo do novo equipamento, que será pago pelo próprio empregador, é um dos principais motivos de rejeição à lei. O aparelho custa caro, aproximadamente 6 mil reais, mas quem não se adequar vai pagar multa. “O maior prejudicado é o consumidor. O valor cai no produto final das lojas”, ressalta. A lei vale para as empresas que possuem mais de dez funcionários que controlam a jornada de trabalho por meios eletrônicos. 


        Na Capital, há 15.000 lojas e a medida irá atingir aproximadamente 10% dos lojistas, sendo as grande empresas, como Renner e C&A, as menos prejudicadas. “É um retrocesso. Muitas empresas vão voltar ao livro ponto para não caírem na fiscalização”, conta o presidente do Sindilojas. Além da questão do preço do equipamento, há outra preocupação: as filas. No novo ponto eletrônico, o funcionário deve esperar a impressão do comprovante, o que vai acarretar um aglomerado de pessoas na entrada, saída e até mesmo nos intervalos para o almoço. O trabalhador deve guardar o comprovante por 5 anos, o que será uma tarefa difícil, tendo em vista que os papéis poderão ultrapassar os 1.000 por ano.


        Além das filas, o impacto ambiental também será grande. A outra novidade é o fato de o relógio não poder ser bloqueado e nem ter os dados editados, o que justificaria a adesão à norma. Argumentando a falta de equipamentos disponíveis em território gaúcho, o Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre conseguiu uma liminar que estende o prazo até 28 de junho de 2011, que antes era previsto para até o dia 26 de agosto deste ano. Mesmo assim, os lojistas esperam que a medida seja revogada.
        Ronaldo Sielichow também comentou que o atual governo parece ser contra os empresários, mas elogiou a ação da Polícia na questão dos comerciantes ilegais nas ruas de Porto Alegre. Contou ainda que o Sindilojas está constantemente lutando contra a alta carga tributária sobre as mercadorias, já que se ela fosse menor os consumidores iriam poupar mais ou injetar milhões na economia. Ele explicou que quase a metade dos preços dos produtos, como gasolina, é de impostos e citou o 'dia livre de imposto' promovido pelos estados para conscientizar a população do peso da carga tributária, onde a gasolina, por exemplo, ficou 50% mais barata. 

*Matéria feita para a cadeira de Jornalismo Especializado.

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