segunda-feira, 3 de maio de 2010

A voz da notícia


Rádio encanta. Nada mais é preciso dizer.

Na faculdade, quando tive que fazer um programa de rádio, fiquei em pânico. Só de pensar em minha voz viajando por aí, através das ondas, o friozinho na barriga aparecia, mas depois do trabalho feito, o que ficou foi uma enorme paixão pela área.
Pra quem quer trabalhar no Radiojornalismo ou simplesmente se interessa pelo tema, indico o livro Rádio: o veículo, a história e a técnica, de Luiz Artur Ferraretto. Abaixo uma resenha que eu fiz sobre a obra para a cadeira de Radiojornalismo II. Sob o efeito de café, óbvio!

O ABC do rádio

Rádio: o veículo, a história e a técnica, livro de Luiz Artur Ferraretto, é um bom manual para quem gosta de rádio e quer se dedicar a ele na carreira jornalística e, acima de tudo, para aqueles que querem ser bons comunicadores. É nesse veículo onde a notícia é apurada num minuto e, no minuto seguinte, deve ser divulgada, por isso o profissional deve ter todo o conhecimento técnico sobre ele.

A parte III, que é sobre a técnica, começa com o capítulo sobre a redação e já deixa clara a diferença do texto radiofônico com a das outras mídias, pela importância da articulação oral da mensagem. Na televisão, o telespectador dispõe de informações adicionais fornecidas pela imagem e, na imprensa escrita há a possibilidade de reler a notícia. Já no rádio, o texto é redigido para ser ouvido por pessoas que, geralmente, dedicam-se a outras atividades. Para a obtenção de informação, que mais tarde se tornará ou não uma notícia, com base em determinados critérios, o rádio recorre às fontes internas e externas. A equipe de reportagem, os enviados especiais e correspondentes constituem as fontes internas, que a empresa estrutura e mantém. Os informantes, ouvintes, agências de notícias, outros veículos de comunicação, assessorias de imprensa e a internet são as fontes externas. Quanto aos gêneros jornalísticos, no rádio, o jornalismo informativo é o predominante, porque fornece detalhes imprescindíveis para a compreensão do fato como notícia. O jornalismo interpretativo situa o ouvinte dentro do acontecimento, contextualizando-o com recursos de sonoplastia. E o jornalismo opinativo, no rádio, se apresenta na forma de comentários, pois são pontos de vista expressos (pessoais ou da empresa). A notícia deve ser simples e estruturada de forma que responda as perguntas: quê, quem, quando, onde, como e por quê.

O capítulo A Edição, começa com a definição da mesma: selecionar e ordenar informações. É um trabalho difícil pela dinâmica do rádio, onde uma notícia e reportagem podem sempre ser incluídas na última hora. Síntese noticiosa e o radiojornal são os dois tipos de noticiários principais. No primeiro, as notícias são hierarquizadas em ordem crescente de importância (pirâmide invertida), para prender o ouvinte, e agrupadas pela similaridade de assuntos. E duram entre cinco e dez minutos. O radiojornal reúne inúmeras formas informativas, como boletins, entrevistas, meteorologia e comentários. Existem quatro formas de edição: por similaridade de assuntos, por zonas geográficas, editorias e em fluxo de informação. Normalmente, possuem a duração de 30 minutos até duas horas.

A reportagem mede a qualidade da emissora de rádio e faz do repórter um investigador a serviço do público. A pauta é o alicerce do trabalho do repórter, pois mostra por onde ele pode começar. Sendo responsabilidade do pauteiro, ela deve ter as informações fundamentais para a realização da reportagem, que pode ter tom literário, para chamar a atenção do ouvinte, mas sem deixar de informar. Capacidade de observação e habilidade na comunicação são as principais características do repórter, pois é testemunha do fato e intermediário entre o acontecimento e o público, utilizando técnicas que valorizam a informação, desde a linguagem até a composição sonora. O boletim é o fruto do trabalho do repórter e transmitido, se possível, ao vivo e do “palco do acontecimento”, utilizando ou não ilustrações, trechos de entrevistas ou de som ambiente utilizado na reportagem. Quem apresenta o boletim é a manchete e pode ser lida pelo próprio repórter na abertura do telejornal. A chamada traz o nome do repórter e introduz o boletim.

No livro, segundo Fraser Bond, entrevista é o contato pessoal entre um jornalista, que representa o público, e a fonte. No rádio, fica entre a investigação e a conversa. Pode ser noticiosa, onde o importante é a descrição do acontecimento; de opinião, onde o entrevistado expressa sua opinião por sua relevância; com personalidade, onde se faz um perfil do entrevistado; de grupo ou enquete, para mostrar o que a população – maioria- pensa; e coletiva, onde jornalistas de diferentes veículos são atendidos pelo entrevistado. O entrevistador deve se preparar para entrevista, pesquisar para ter o conhecimento técnico do assunto necessário para conduzir bem a conversa. Uma pergunta sempre leva à outra, o que faz com que o roteiro preparado anteriormente nunca seja seguido à risca. O mais importante é se colocar no lugar do ouvinte, conduzindo a entrevista para esclarecer os questionamentos do público da emissora.

A opinião, no rádio, é expressa através do comentarista e do âncora, com base na política editorial da empresa, nos editoriais, comentários, crônicas e críticas, complementando a notícia.

O capítulo sobre produção mostra que o produtor é o planejador do programa, organizando, produzindo os programas e supervisionando a seleção e aplicação dos recursos neles empregados. Produzir, como o livro fala, é pensar em conjunto todos os elementos da linguagem radiofônica: a voz humana, a música, os efeitos sonoros e o silêncio. A sonoplastia sugere e cria imagens na mente humana, algo muito importante já que o rádio só dispõe de sons e não apresenta imagens como a TV ou jornal. Assim, são usadas a característica, a cortina, a vinheta e o fundo musical.

Um mito foi é desmentido. Não é preciso ter vozeirão para trabalhar com locução, mas é imprescindível usar a capacidade vocal com treinamento e experiência, pois, além de saber escolher bem as palavras, o significado do texto vem de como elas são pronunciadas. Assim, se faz uso de pausas e diferentes intensidades da voz para dar expressividade e clareza ao texto radiofônico.

Assim como em todas as áreas da atividade do jornalismo, na cobertura esportiva, o jornalista deve ter um distanciamento crítico do acontecimento noticiado. Por isso, que o fato de torcer para tal time não deve interferir em seu trabalho. A emoção deve ser passada ao ouvinte, para que este se transporte para o local da partida, mas não deve ser confundida com paixão, para que o fato não seja distorcido. Narrar um jogo significa animar a torcida, sem exageros, e fornecer ao ouvinte uma visão imaginária da partida, contando tudo o que acontece e expressando com o tom de voz o perigo e a grandeza de cada lance, pois, acima de tudo, esporte é entretenimento, o que permite uma certa liberdade de estilo. Aqui, o conhecimento técnico, a capacidade de observação e o improviso se tornam fundamentais ao profissional.

O último capítulo sobre a relação entre a língua portuguesa e o rádio, mostra que o texto radiofônico está entre a linguagem culta e a coloquial, pois deve unir as formas de utilização correta da Língua Portuguesa e a língua falada, espontânea e imediata. Essa parte se torna muito útil para a boa grafia de palavras que, muitas vezes, se fazem confusas no dia-a-dia das redações.


Serviço:
Rádio: o veículo, a história e a técnica
FERRARETO, Luiz Artur
Editora: SAGRA LUZZATTO
Páginas: 375



2 comentários:

  1. Acho a área do rádio uma das mais legais. Se eu tivesse um programa seria sobre músicas antigas e bandas novas desconhecidas hihi
    Beeeijo*

    ResponderExcluir
  2. Se eu tivesse um seria um delírio só... ahaha Como eu gostaria de algo específico, mas "sou várias" e isso não me ajuda muito na decisão... ;D

    ResponderExcluir