quarta-feira, 28 de abril de 2010

Alice no País das Doideiras



     Quem foi às bancas no começo do mês deve ter se deparado com a capa assustadora e a chamada chocante da revista Mundo Estranho.

"A ORIGEM SANGRENTA DOS CONTOS DE FADAS
Canibalismo, tortura, mutilações. Conheça as versões originais (e nada infantis) de Alice, Chapeuzinho Vermelho e outras histórias da carochinha!"

     Como se não bastasse essa manchete, ainda vemos um garotinha, que logo identificamos como Chapeuzinho Vermelho, comendo carne crua com a boca cheia de sangue e expressão macabra. Foi uma daquelas matérias que, apesar de me dar arrepios, eu fui obrigada a ler. Tamanho foi meu choque, que hoje estou aqui dividindo com vocês.

     Primeiro pensei que poderia ser algum tipo de delito com relação à direitos autorais postar a matéria, mas depois pensando bem vi que estava sendo um pouco receosa demais, porque erros seria (ou não!) postar aqui toda a revista, o qu enão é o caso. Além do mais, estou postando no final do mês, o que me parece ser o período quando as revistas de abril nem devem estar bem escassas nas bancas, dando lugar às de maio, então não estaria prejucando a editora Abril.

     Ok, sem mais delongas, lá vai a primeira parte da reportagem que vai no embalo do filme Alice no País das Maravilhas, bem comentado ultimamente.



PIRAÇÃO NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Publicadas em 1865, as aventuras doidonas de Alice são uma história sem “moral da história”, com referências a drogas, delírios e críticas políticas

1. UMA HEROÍNA MAIS REAL QUE 3D
O nome da protagonista foi escolhido como uma homenagem à garotinha Alice Liddel, amiga do autor, o inglês Lewis Carrol. E o livro nasceu quase na marra. Após contar a história, que inventara na hora, para Alice e as duas irmãs da menina, Carrol foi convencido a colocar tudo no papel.

2. ANARQUISTAS GRAÇAS A DEUS
O coelhinho atrasadinho e que está sempre estressado é interpretado como uma crítica do autor à repressora sociedade inglesa da época. Ironicamente, é ele que atrai Alice para um mundo mágico e sem nexo em que há liberdade para os indivíduos interferirem nos rumos da sociedade.

3. VIAJANDO NA LAGARTONA
Ta tudo azul para a lagarta que Alice encontra fumando num baita narguilé. A geringonça e o fato de o bicho falar lentamente, “viajando” e filosofando, são até hoje associados ao consumo de ópio. A droga, que atualmente é ilegal, tinha uso medicinal na época da publicação do livro, em 1865.

4. COGUS ALUCINÓGENOS
A lagarta doidona explica que comer do cogumelo em que está sentada pode fazer Alice crescer ou diminuir de tamanho. Há quem veja nisso uma clara referência a cogumelos alucinógenos, embora não haja indícios, dentro ou fora da obra, relacionando o autor ao consumo dessa droga (veja o boxe abaixo).

ALUCINAÇÃO COLETIVA
Para muita gente, Lewis Carrol escrevia sob efeito de drogas

Uma lenda urbana engolida por muita gente é a que especula sobre o uso de substâncias alucinógenas por Lewis Carrol. Os rumores se baseam na narrativa piradona e em elementos que remeteriam ao universo das drogas, como a narguilé e o cogumelo. Há quem jure que a inspiração do autor vinha do LSD, esquecendo-se que a droga só surgiu em 1938, décadas após a primeira edição da obra. Além disso, a complexidade dos enigmas lógicos e matemáticos dispostos ao longo do texto indicam que o autor escrevia lúcido. Sem falar que nada na biografia de Carrol sugere qualquer experiência com entorpecentes.

5. SORRISO DELIRANTE
O habitante mais alucinado do País das Maravilhas aparece e desaparece em vários momentos da trama, seja de corpo inteiro, seja mostrando apenas algumas partes, como o sorriso. Especula-se que o gato possa ter surgido das terríveis enxaquecas do autor Lewis Carrol, que relatou em vários episódios de alucinação em seus diários.

6. NA CASA DO CHAPÉU
Alice topa com o Chapeleiro Maluco em um tradicional chá das cinco inglês. Na época em que a história foi escrita muitos chapeleiros enlouqueciam de fato, por causa da exposição ao mercúrio usado na confecção dos chapéus. O personagem serviu até de inspiração para um inimigo do Batman (veja no boxe abaixo)

MUITO ALÉM DO ESPELHO
O universo surreal de Alice já serviu de inspiração para a ficção e até a medicina!

LOST
Alguns episódios da série, como Coelho Branco e Através do Espelho, remetem à obra de Carrol.

MATRIX
No primeiro filme da trilogia, a escolha que Neo pode fazer entre tomar uma pílula vermelha ou uma pílula azul também remete ao livro.

BATMAN
Nas HQS, um dos inimigos do homem-morcego é um Chapeleiro Louco, inspirado diretamente no personagem doidão de Alice.

OS BEATLES
Lewis Carrol teve tal influência sobre a banda que é um dos homenageados na capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

MEDICINA
A história batiza uma doença estranha, a síndrome de Alice, que faz objetos parecer muito maiores ou menores do que realmente são. (obs da blogueira: então eu devo ter isso, as letras também me parecem muito menores do que são. Oi miopia?)

7. EXTINTO E POLITIZADO
O Dodô, ave extinta no século 17, é interpretado como uma caricatura do próprio Lewis Carrol, cujo nome real era Charles Dodgson. Para variar, o autor aproveitou o personagem para dar suas alfinetadas. O Dodô organiza uma corrida sem rumo, que não chega a lugar nenhum, como nas reuniões políticas desde aquela época.

8. RAINHA SEM CORAÇÃO
A rainha de Copas é outra caricaturada sociedade da época, mais precisamente da rainha Vitória: apesar de sua importância no reino inglês, sua autoridade não valia nada diante do Parlamento e do primeiro-ministro. Do mesmo jeito, no País das Maravilhas o bordão “cortem a cabeça dele!” , da Rainha de Copas, nunca é cumprido de fato.

     Bom, apesar da doideira toda, Alice é um conto que eu gosto bastante, pela magia toda, mas não dá pra negar que o tal Lewis devia ser um piradão! Mas gênios sempre são meio maluquinhos. O filme eu ainda não vi, mas espero em breve ter um tempinho pra ver. A história nem é sangrenta, mas pra começar preferi ser mais leve, mas os próximos que postar vão com certeza surpreender. Até!!


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